Conseguimos então fazer o difícil percurso de 10 metros da
minha casa até o carro. Sentei, coloquei o cinto de segurança e seguimos até...
- Justin, onde estamos indo mesmo? – perguntei e ele
balançou a cabeça em diversos “nãos” seguidos.
- Quando chegarmos você verá.
- Vai Justin, fala aí. – insisti.
- Por que você quer tanto saber?
- Porque você poderia muito bem me sequestrar! – falei, em
um tom que o fez gargalhar.
- Não, Lizzie, não poderia. E aliás, você acha que sua mãe
pagaria para te ter volta? Ela me
pagaria para eu ficar com você. – rimos. Talvez fosse verdade mesmo.
- Liga o rádio aí. – pedi e assim ele fez.
- BRUNO MARSSSS! – gritei e Justin revirou os olhos.
- Não gosto dessa música. É tão idiota. – ele declarou e
desligou o rádio.
- Você não gosta da tua vida, isso sim. Todas as músicas
dele são perfeitas. Não ouse falar que a letra é idiota se não quiser
desaparecer misteriosamente. – disse
de olhos semicerrados e liguei o rádio novamente.
- Para que Bruno Mars se você tem a mim? – falou me olhando
de canto de olho e com sua voz rouca baixa.
- Isso não funciona comigo. – disse.
- O que não funciona com você? – perguntou fingindo
inocência.
- Esse negócio de tentar ser sexy. Não funciona. Porque você
não é. – ele riu e eu ri junto para variar. – então Justin, onde estamos indo
mesmo?
- Não adianta Liz. – ele disse e reprimiu um sorriso.
Bufei e fitei a estrada a nossa frente. A música já tinha
acabado e uma vinheta começou. Era estranho como parecia que eu a conhecia de
algum lugar...
Mas não deu tempo de ver da onde era. De um comercial de
detergente, talvez, mas tenho quase certeza que não. Parecia que a resposta
estava na ponta da língua quando Justin desligou o rádio.
Os minutos seguintes se resumiram em eu tentar lembrar de onde
a música agitada era.
Como um flash, lembrei.
- Justin, você vai participar do Camp Idol? – perguntei.
Ele parou o carro e sorriu abertamente para mim:
- Isso responde sua pergunta?
Olhei através da janela e percebi onde estávamos. Avon
Theatre, onde todos os eventos importantes da cidade ocorrem. Se tiver algum
evento que não ocorre lá, é porque não é importante ou grande o suficiente. E o
Camp Idol é importante E grande, e é o lugar onde estávamos parados.
Quero dizer, por qual outro motivo teria um outdoor com o
logo amarelo e vermelho próximo a entrada do teatro? E esse fluxo grande de
pessoas?
- Finalmente! Você vai ganhar! – disse, animada. Justin às
vezes não acreditava no talento que tinha e isso nos fazia discutir.
- Nós vamos
ganhar. – corrigiu ele.
- Então você vai dividir o dinheiro comigo? – sorri e
pisquei os olhos rapidamente, uma imitação fajuta das líderes de torcida com os
cílios postiços tentando parecer sexy.
- Lizzie para de ser lerda. – ele revirou os olhos – Eu e
você, juntos, vamos ganhar o Camp Idol.
Abri a boca e não consegui dizer nada, de modo que tenho
certeza de que pareci uma idiota. Uma idiota confusa...
- Lizzie – deu um longo suspiro – você vai participar do
Camp Idol comigo.
Fechei os olhos e contei até três mentalmente.
- Lizzie? – chamou ele, dando tapinhas leves em meu
antebraço.
- Justin – abri meus olhos esverdeados – participa você. –
sorri sem graça.
- Não Lizzie. – ele respondeu, o olhar penetrando minha
alma.
- Por que não? – perguntei um pouco frustrada. Se eu
participasse com ele, iria afundá-lo e desperdiçar sua única chance.
Sim, sua única chance. Eu sei que o Camp Idol acontece todos
os anos, porém esse ano é o único de Justin – e meu – antes dele começar a
trabalhar ou fazer faculdade, e consequentemente se mudar de Stratford. Com
seus dotes musicais, ele provavelmente vai entrar em Julliard, mas isso não vem
ao caso. E esse é o único ano livre e eu não posso arruiná-lo. É a chance da
vida dele.
- Porque esse ano as inscrições foram feitas online, e eu
nos inscrevi como uma dupla. – ele parou e respirou fundo - Se você não
participar, eu não participo.
Agora é definitivo. Eu vou afundá-lo.
- Justin... – tentei argumentar.
- Lizzie, por favor.
Abaixei a cabeça e fiquei quieta. Eu não conseguia acreditar
naquilo dele nos inscrever como dupla. Eu não conseguia acreditar porque eu
iria fazê-lo perder e, portanto arruinar seu sonho de infância.
- Sabe o que mais me frustra? – ele perguntou, quebrando o
silêncio. Levantei a cabeça e fiz que não com ela. – É você não acreditar em
você mesma, Lizzie. É claro que você pode subir no palco e cantar como quando
você canta comigo.
- Justin, você não entende. – ri sem humor – Eu vou estragar
sua chance.
- Lizzie, na boa, para de graça senão a gente vai brigar
aqui mesmo. Eu acredito em você, ou você acha que eu iria te inscrever comigo
para a gente passar vergonha em rede nacional?
Sorri fraco.
- E se – continuou ele – eu te inscrevi comigo é porque eu
quero que cante junto comigo.
- Mas e se nós perdermos? – perguntei num fio de voz.
- Nós vamos perder juntos. Como sempre. – ele sorriu e eu
sorri junto.
- Mas Justin, eu não canto bem. – disse e ele suspirou.
- Não começa. Quando você canta todo mundo fica quieto para
te escutar. E por que você acha que as professoras imploram para você cantar no
show de talentos?
Fiquei quieta.
- Porque elas querem que tenha alguma coisa interessante no
show.
- Tudo bem. – respirei fundo.
- Vamos nos apresentar juntos? – perguntou ele de testa
franzida.
- Sempre. – sorri e saímos do carro.
2 comentários:
Ahhhhhhhhhh! TA PERFEITOOOOOOO!!! CONTINUAAAAAAAA!!!! To amando serio! Essa historia promete! :)
Ta mais que perfeito continua logo em....<3
Postar um comentário