4 de dezembro de 2013

Camp Idol - 04

Postado por Imagine Belieber às 4.12.13 1 comentários
3 horas depois
- Vai demorar muito? – perguntei esparramada no chão.
Antes que Justin me respondesse, chamaram 531. Justin continuou imóvel e eu comecei a puxar seu braço. Até um garoto de olhos azuis se virar para mim com cara de interrogação. Por que tinham que vestir a mesma blusa?
Virei para o outro lado, e vi Justin se curvando de tanto rir. Corri até ele.
- Não faça nenhum comentário. – disse e ele riu mais.
- QUINHENTOS E TRINTA E UM! – gritou a gordinha, nervosa. Só não mando ela ir pescar porque eu acho que pescar deve dar ainda mais raiva. E porque os lagos de Stratford estão congelados.
- Somos o 531. – Justin disse para a gordinha.
- Estão atrasados ou surdos? – ela perguntou.
- Estamos com pressa. Dá para dizer onde é o lugar das audições? Que aliás, acho que é esse o seu trabalho. – disse e Justin reprimiu um sorriso. A gordinha revirou os olhos e depois a seguimos nos corredores largos do teatro.
Assim que chegamos na porta do lugar das audições, uma garota morena nos orientou para não deixar o lugar que estava demarcado no chão, e que se isso acontecesse iriam chamar a segurança. Só uma palavra sobre isso:
FRESCURITE.
Ela também nos entregou dois microfones e falou que assim que nos chamassem poderíamos entrar. Eu colei o ouvido na porta até a tiazinha falar que era para eu parar de fazer isso. Mas eu só queria saber se a minha vez estava chegando.
- Justin – o chamei – Eu acho que eu vou morrer. – disse meio engasgada. – Meu coração ta batendo muito rápido.
- Isso só é nervosismo. – ele disse.
Respirei fundo (com fôlego é mais fácil gritar) e soltei:
- NERVOSISMO?! – berrei – VOCÊ VAI VER QUEM ESTÁ NERVOSA!
Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, e acredite, eu sei lutar (anos de prática com a minha irmã), a tiazinha tampou minha boca e me passou um sermão. Se eu continuasse gritando e etc, eu ia ter que me retirar junto com Justin e a chance dele ia para o beleléu.
De modo que eu disse para a garota que ia me controlar e até pedi desculpas. Para redimir minha situação eu falei (na orelha dela, claro) que estava de TPM. O que é uma mentira, mas ela até sorriu para mim e disse que sabia como era. Essa é a mentira mais perfeita que existe.
Justin estava inquieto e quase caiu para frente quando a garota abriu a porta chorando e falando uma língua alienígena (sério, não entendo porque as pessoas cismam em chorar e falar ao mesmo tempo), e o empurrou. Eu estava paralisada vendo a menina-alienígena até que a voz gritando...
- PRÓXIMO!
É agora que eu vou morrer. Ou vomitar. Ou morrer vomitando. Alguém me arruma um caixão? Ou um balde? Ou os dois?
Peguei o microfone e olhei para Justin que disse sem emitir som: Count on me.
Eu não sabia se era porque eu podia contar com ele (mas eu sabia que sim) ou para me lembrar a música que iríamos cantar. Acho que um pouco dos dois.
Entramos no teatro, subimos no palquinho e olhamos para os três jurados. Ficamos no círculo demarcado exatamente como pediram e esperamos que alguém dissesse algo.
Um cara alto, de cabelo loiro na altura dos ombros pigarreou e leu o papel amarelo.
- Elizabeth Ma...
- Lizzie. – tudo bem, odeio meu nome e juro que isso foi automático.
- O quê? – o cara perguntou.
- Me chame de Lizzie. – disse bem alto, o homem olhou para mim e mandou um daqueles sorrisos irônicos. Aqueles que eu gosto tanto que dá vontade de arrancar todos os dentes e leva-los para mim.
- Eizabeth Mayflower e Justin Bieber, ou você quer que eu te chame de Juju? – ele perguntou para Justin que sorriu educadamente (sabia que era só por educação) e ele prosseguiu.
- Então Elizabeth... – falou e eu tomei fôlego para falar mais alto que era Lizzie, mas a jurada que estava sentada no meio, olhou para o cara que estava teimando em me chamar de Elizabeth e depois para mim. Eu olhei para ela cheia de esperança, juro que pensei que ela ia falar para ele parar de me chamar pelo meu nome, mas ela olhou para mim e disse:
- Querida, use o microfone.
Eu corei e só aí percebi que não estava usando mesmo.  A jurada que eu pensei ser a boazinha (sempre tem uma boazinha!) revirou os olhos e fez umas anotações.
O terceiro jurado era negro e careca. Eu olhei para ele e antes que minha mente pudesse raciocinar, gritei no microfone:

- Eu conheço você! Você é o cara que cozinha! Minha mãe é a maior fã sua!
Ele sorriu e pediu para que cantássemos.
Mas bem nessa hora, colocaram uma merda de holofote na minha cara. Eu não conseguia enxergar. E a batida começou.
Sabe eu sendo uma mulher, e tudo o mais, deveria ter aquele superpoder de se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo. Mas eu não conseguiria abrir os olhos e cantar a música.
CARAMBA.
ESQUECIA A LETRA DA MÚSICA.
Assim que ouvi as batidas, e tudo o mais, meu sangue congelou. Eu não queria arruinar a chance de Justin, de modo que quando ele começou a cantar a primeira parte da música.
"If you ever find yourself stuck in the middle of the sea
I'll sail the world to find you
If you ever find yourself lost in the dark and you
can't see
I'll be the light to guide you"
Já estava na minha deixa e a única coisa que eu pensava era:
PUTA QUE O PARIU, O QUE EU FAÇO?!
Aí, do nada, ou por instinto, me joguei no chão. Não me joguei tipo pedindo um abraço ou um beijo para o chão, mas do jeito que finjo que desmaio. Acho que foi convincente, porque as luzes foram apagadas...
Se bem que nesse momento eu poderia estar morta. Porque sabe, eu não sei fingir um desmaio tão bem assim, de modo que eu bati a cabeça com tudo no chão. E minha visão estava escura. Mas eu estava de olhos fechados, então...
Não. Eu ainda estava viva, porque eu estava ouvindo as vozes dos meus jurados.
- Ela desmaiou! – a jurada disse meio que desesperada. Logo ouvi os passos do salto batendo no chão.
Justin provavelmente estava ajoelhado do meu lado, e passava a mão no meu rosto. Fazia cócegas, e eu estava com vontade de rir. E aonde Justin arrumou aquelas mãos tão macias? Será que ele está usando os hidratantes da mãe dele?
- Acho que devemos dar uns tapas para ver se ela acorda. – sugeriu a mulher.
- Sabe, Ann, ela não está dormindo. Acho que deveríamos dar uns tapas em você. – o jurado que cismava em me chamar de Elizabeth disse. O cheff de cozinha que minha mãe adorava, disse:
- Tudo bem, mas o que faremos? – ele perguntou. O único sensato daquela sala.
- já sei! – a jurada disse – Que tal jogarmos água nela?
E a cada segundo eu gosto menos dela.
- Ela não está dormindo. – disseram os dois jurados em coro.
- Eu – dizia o chefe de cozinha – já liguei para a ambulância, eles já estão vindo.
Tudo bem, eu teria que “acordar” antes, mas como eu faria isso? Eu nunca nem desmaiei de verdade.
- Ahn – Justin disse e se eu o conheço ele estava coçando a cabeça – Poderíamos tentar respiração boca a boca.
- Isso! – disse o senhor-implicância-com-meu-nome – Alguém aí sabe?
Silêncio mortal. Justin pigarreou.
- Eu sei.
E quando Justin estava se aproximando, eu até cheguei a sentir a sua respiração bater contra meu rosto, eu levantei da maneira mais babaca possível:
- Oi. O que está acontecendo? – disse fingindo estar confusa.
- Você desmaiou. – a jurada disse. Fiz uma cara de surpresa. – Está tudo bem?
- Está. - sorri sem mostrar os dentes. O único lucro que tive foi que a letra veio na minha cabeça, nesse meio tempo.
- Eu já liguei para a ambulância, acho que é melhor vocês esperarem lá fora. – ele disse.
- NÃO! – falei meio desesperada, mas é claro que eu não estava “meio” desesperada, porque eu estava COMPLETAMENTE desesperada – Eu consigo fazer o teste. – disse.
- Não é melhor... – o cheff foi bruscamente interrompido pelo senhor implicância.
- Deixe.
- Obrigada, é nosso sonho. – sorri. Não era NOSSO sonho, era do Justin, mas soaria muito egoísta se eu dissesse isso. E pareceria que ele me arrastou para cá, mas mesmo isso sendo verdade, não quero que o público saiba. Porque Justin – mesmo que seja estranho admitir - é bonito (as garotas vão votar nele só pelo corpo), e tem simpatia. Enquanto eu pareço uma lesma andando. Ou me arrastando. Lesmas andam ou se arrastam?
Dessa vez fechei os olhos por conta da luz dos holofotes e Justin começou. Eu meio que sem querer deixei meu corpo balançar só um pouquinho por causa da música, o que não sei se ficou bom, mas me relaxou. Então eu cantei. Cantei mesmo, fingindo que o microfone que eu estava segurando era meu desodorante e que eu estava no banho. Como eu sempre cantei.
Terminamos e eu abri os olhos. Minhas pernas agora tremiam.

 

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